quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

@manuportnogfer


Acendi o isqueiro, e – murmurando o encantamento – peguei sua fumaça entre os meus dedos, e a fiz se proliferar e se espalhar pela sala, quando a cortina cinzenta sumiu, eu abri a porta. Encontrando um Justin Devan – surpreendentemente – com um sorriso amigo.


- O que você quer? – Perguntei ríspida.


- Não vai me convidar pra entrar? – Cínico. Estreitei meus olhos, não seria eu quem o deixaria conhecer minha casa.


- Não, diga logo o que quer, pois estou ocupada.


- Fazendo algum feitiço? Eu vim em paz, quero apenas conversar.


- Diga logo o que você quer. – Ele deu um suspiro pesado, e assumiu uma postura mais séria, quase ameaçadora.


- Deve ter percebido a presença de um vampiro na cidade – Eu engoli em seco, ele sabia de Anthony – e quero sua ajuda.


- Para? – Ele riu, uma risada grave e sem humor algum


- Talvez devesse estudar um pouco mais de história, desde sempre parasitas e lobisomens estão em guerra – Eu tive de usar todo o meu auto-controle para não dar-lhe um murro no rosto, ou coisa pior com a pronuncia da palavra parasita.


- Não vou entrar em uma guerra – Na verdade eu já estava nela, mas ele não precisava saber que eu estava do lado oposto ao dele.


- Vai simplesmente assistir? Acho difícil, já que isso vai alterar seu modo de vida. Só estou propondo que você fique do nosso lado, pelo menos assim não ficará em total desprotegida. – Eu mordi minha língua para não rir.


- Não sei nem se vou ficar, agora vá embora, eu já lhe escutei.


Ele estreitou os olhos, e aproximou o nariz da batente da porta.


Merda!


- Vá.Embora – Eu disse ameaçadoramente, sentindo minha marca brilhar. – Ele foi, sem dizer nada, ou esboçar nenhuma expressão.


As horas passavam, já era quase de manhã e nada de Anthony retornar, eu sabia que ele estava bem – eu havia, por meio de um feitiço, me certificado disso – porém o lugar onde ele estava era fortemente protegido. Como se houvessem vários feitiços protetores concentrados nele, o que não me deixou saber onde ele estava, me deixando preocupada.


O dia passou-se assim, até que já eram quase seis horas.
Eu havia decidido, que como havia a possibilidade de Justin ter sentido o cheiro de Anthony na batente da porta, e talvez até o de Rachel nas escadas ou em qualquer outro lugar, eu ia a tal festa que ela tinha me convidado.
Eu peguei o telefone e disquei o numero do celular dela.


- Alô!


- Rachel, oi, aqui e a Liz! – Tentei parecer animada.


- Oi Liz, que foi? Você nunca me liga!


- Sabe aquela festa que você me convidou? Ainda dá pra eu ir? – pude ouvir sua risada histérica do outro lado da linha.


- Claro, vai ser tão divertido!


Ela me passou o lugar e o horário da festa, depois de me dar dicas de como me arrumar e como me maquiar. Mas eu não ia me produzir, ia me precaver, iria colocar uma roupa característica da cultura da minha espécie, colocando inclusive o meu colar – um colar representando a minha marca - somente para que os lobos – e talvez alguns vampiros não tão amigos - soubessem que não deviam mexer com meu “ciclo social”


Me arrumei na hora exata e a fui a encontrar em sua casa – Eu não podia arriscar.




Enquanto esperava ela atender a porta, pude ouvir varias vozes do lado de dentro de seu apartamento.

- Oiiiiiii – Realmente minha amiga gostava de letras – ainda bem que você chegou, quero te apresentar pra um pessoal! – Ela me puxou porta adentro, ode seis pessoas se encontravam reunidas na sala. Eu sorri educadamente, conforme Rachel nos apresentava, eram três mulheres, uma ruiva, e duas morenas gêmeas. E três rapazes, um alto e esguio, com aparência nerd, um baixinho mais musculoso, e um mais velho, de meia idade.

Fomos divididos em três carros. Eu fui no carro de Rachel com as duas Gemeas. Chegamos em um restaurante que fora alugado para a comemoração, fortemente decorado e iluminado, havia mesas nas laterais, e ao fundo uma pista de dança. Rachel me puxou, e me apresentou a aniversariante, eu reparei que todos davam coisas a ela, e me lembrei do costume humano, que há anos eu não praticava.
Havia pessoas dançando, e o local estava lotado, exceto pelo banheiro, e foi para lá que eu me dirigi.

De lá. Pude ouvir gritos e bastante barulho, eu saí correndo, percebendo que as luzes estavam acesas, e todos estavam com cara de preocupados. Eu procurei pelos cabelos roxos de Rachel, sem encontralos. Eu perguntei para a
Pessoa mais próxima o que aconteceu.

- A menina de cabelo roxo foi seqüestrada.

Eu não precisei ouvir mais nada, já sabia o que tinha contecido, eu ouvia os amigos de Rachel gritando, chorando, alguns estavam ligando para a polícia, mas antes de darem pela minha presença eu já havia saído rua afora. O cheiro de Justin já era familiar pra mim, então foi fácil seguir seu rastro, ele estava a pé, e eu sabia que se continuasse correndo na velocidade em que estava logo iria encontrá-lo, pois se ele estava carregando Rachel não podia estar transformado.

Senti cheiro de sangue, e virei a esquina para um beco, corri por ele vendo o sangue com o cheiro de Rachel no chão, fazendo uma trilha, e me direcionando para uma praça destruída e abandonada. Só havia a luz do luar, mas como eu era uma bruxa podia ver claramente. Rachel deitada de forma débil no chão, a três metros de distância de Justin, o sangue fluía de várias partes do seu corpo, ela gemia de dor, não conseguindo se mover direito. Havia um brilho vingativo nos olhos de Justin, como se ele estivesse gostando, apreciando a dor dela. Ele se virou em minha direção, finalmente percebendo minha presença, eu retirei o meu colar de dentro da camisa, deixando ele e minha marca brilharem na luz fraca do luar, e conjurei:

- Afarã (Para fora) – Ele foi arrastado pelo vento, batendo contra um poste de luz que não estava funcionando. Rachel me olhava com um misto de espanto e gratidão, eu corri para seu lado, enquanto Justin se transformava na criatura das trevas que ele era – Não só por ser um lobisomen, mas pelo seu sangue frio para com Rachel, que era completamente indefesa diante dele. Ele retirou sua camisa, expondo a tatuagem de uma flor embaixo de seu braço.



- Mişcă-te (afaste-o) – conjurei novamente, e o brilho da lua que o acompanhava envolveu Rachel, ele não poderia mais tocá-la esta noite. Eu estava livre para lutar contra ele, ou pelo menos mantê-lo ocupado até o amanhecer.
Ele voou contra mim, me jogando contra a grade de uns dos brinquedos, sangue escorria do meu braço, porém em questão de segundos ele cicatrizou, Justin me rondava, e agora havia mais outro com ele.

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