sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

@manuportnogfer

Continuação do post de 04/01

Na manhã seguinte, acordei assim que o sol nasceu como em todos os outros dias.


Quando estava saindo do banho, retirei as fotos de meus pais da minha mesa de cabeceira, e coloquei na escrivaninha, eu mudava essa foto de lugar constantemente, para que eu esquecesse onde a havia colocado e a olhasse por acaso. A foto era do dia do noivado dos dois, era mais uma pintura em sépia do que uma foto, mas me ajudava a lembrar os rostos deles, eu a havia “pego” de um antiquário, junto com outros objetos deles que estavam para serem vendidos.

Quando cheguei à sala, Anthony estava sentado no sofá de olhos fechados, eu estalei os dedos frente a seu rosto, e ele abriu os olhos.

- O que estava fazendo Anthony?

- Pensando. – Não lhe perguntei em que, não era da minha conta.

- Falando em penssar, você me disse que também tinha dons, quais são.

- Só um na verdade, eu conssigo meio que sentir os penssamentos das pessoas, é difícil de explicar, e preciso estar concentrado.

- Como? – tenho de certeza de que minha expressão era de assustada, ele sorriu.

- Você pode chamar de ler mentes, mas é um pouco mais complicado, eu também sinto o sentimento envolvido com o penssamento.

- Você pode saber o que eu estou penssando? – Ele balançou a cabeça

- Foi assim que descobri seu nome.

- Espere aqui. – Disse indo em direção ao pequeno sótão. Procurei um livro antigo, do tempo em que eu morava com a bruxa que me transformou, eu não queria usar meus dons, mas dessa vez era necessário.

- Bree? – Anthony veio atrás de mim, não se preocupe eu preciso me concentrar, não é prático ficar o tempo todo lendo a mente de alguém, não precisa se preocupar, seus penssamentos estão seguros. – Ele riu nessa parte

Eu achei um feitiço para a imunidade e proteção da mente, eu tirei o suéter, e a blusa de baixo deixava a minha marca a mostra, e não gostei quando senti dedos frios percorrendo-a.

- Anthony, me virei olhando-o com raiva, ele pelo contrario parecia curioso.

- Que olhos lindos você tem – Ele sorriu

- Haha! Que graça – Ironizei

- O que significa a tatuagem?

- Todas as bruxas têm uma que corresponde à linhagem a que ela pertence, a minha é muito rara, pois pertence a uma das poucas linhagens de bruxas que não envelhecem, as outras são basicamente pessoas que sabem feitiços.

- Quais são as outras, a sua é o símbolo do infinito, mas que outros existem?

- Tem duas ondas, tem labaredas, tem duas asas, todos símbolos pequenos que representam na maioria um elemento da natureza.

- Humm – Ele agora estava penssativo, eu coloquei três dedos entre as sombracelhas e comecei a murmurar o encantamento que estava no livro, quando acabei me virei para Anthony com um sorriso. Ele fez uma careta.

- Não conssegue me ler? – perguntei feliz

- Não. – Ele parecia triste, e eu não pude evitar gargalhar.

- Você parece uma criança falando assim sabia Anthony, nem parece que tem 127 anos.

Ele me mostrou a língua, e começou a rir junto comigo.

Descemos as escadas e eu fui para a cozinha, fiquei surpresa quando encontrei uma mesa de café da manha já pronta.

- Obrigada, disse quando ele se sentou perto de mim, a expressão de nojo dele enquanto eu comia era impagável.

- Com que freqüência você se alimenta – Perguntei tentando distrai-lo.

- De duas em duas semanas.

- Não é nojento! – Exclamei quando eu fui levar um pedaço de pão a boca e ele fez uma careta pior ainda

- Não é nojento por que você não tem um bom gosto. – Eu tive que rir com isso.

- E você que bebe sangue, fala que animais você mais cassa senhor bom gosto?

- Animais de grande porte, mas o gosto do sangue animal também não é algo muito agradável.

- Ta bom, mas para de fazer caretas, está tirando meu apetite. – Ele fez uma careta pior ainda, e eu quase caí da cadeira de tanto rir, havia tanto tempo que eu não ria assim, nem mesmo quando estava com Rachel.

Eu vou trabalhar você faz o que combinamos, eu vou estar em casa as oito – Disse, quando conssegui parar de rir.

Levantei-me e fui pro trabalho, o prédio em que eu trabalhava, ficava distante da minha casa, mas mesmo assim eu fazia questão de ir a pé para aproveitar a paisagem.

O dia correu normal, no horário do almoço eu me encontrei com Rachel em um restaurante a kilo, como sempre. Ela não sabe o que eu sou, mas nem precisa, ela me conhece muito bem, tanto que reparou que havia algo de diferente em minha expressão.

- E entã, qual é a novidade Liz? – Ela me perguntou sentando-se com seu prato de comida à minha frente. Eu sorri, e tentei parecer natural ao responder.

- Tem uma pessoa morando comigo, um homem, provavelmente ele vai ocupar o cargo de editor de imagem. – Ela agora me olhava incrédula, a boca em um perfeito “O”. Depois pareceu estranhamente aliviada.

- Finalmente você desencalhou, e pelo visto é um bom partido.

- Nós não estamos namorando, ele só está comigo porque não tem onde ficar, e depois você sabe que por enquanto eu não quero me relacionar. Mas sim ele é uma boa pessoa, é muito divertido. – Ela agora fazia cara de choro, era difícil acompanhar suas emoções, ela era quase bipolar.

- Você nunca me levou pra sua casa, mas convida outra pessoa pra morar lá!

Eu suspirei.

- Se você quiser eu te levo amanhã pra conhecer ele. Já que saímos mais sedo almoçamos na minha casa, ele vai estar lá. – Ela sorriu e bateu palmas, não teria problema algum leva-la na minha casa se Anthony consseguisse se controlar, e se e ela não entrasse no meu quarto. Acho até que ela e Anthony se dariam bem, poderíamos conviver os três quase que normalmente, só teríamos que arranjar uma desculpa pro fato dele não comer.

- Liz, no domingo vai ter uma comemoração do aniverssário de uma amiga minha em um bar. Vocês dois poderiam vir. Seria divertido.

- Não obrigada.

- Por que não? Você quase nunca sai!

“Porque meu amiguinho vampiro iria acabar matando uma de vocês”

- Estou arrumando umas coisas no meu quarto e no sótão, se eu for, vai ficar tudo uma bagunça e segunda eu não tenho tempo de arrumar. – Pelo menos agora ela não vai poder ir nem no sótão nem no meu quarto.

- Ta bom, eu levo um pedaço do bolo pra vocês se sobrar.

A converssa sobre a festa se encerrou aí, depois começamos a falar sobre uns modelos de roupas em que ela estava trabalhando. Rachel é assistente de figurinista na mesma empresa em que eu trabalho, ela é bem jovem, está no ultimo ano da faculdade de moda, eu gosto das roupas que ela cria, e às vezes até uso algumas para agradá-la.

O resto do dia seguiu normalmente, e sem chuva.

Quando estava voltando pra casa, resolvi passar por um parque que havia na cidade, me aproximei de uma das árvores e me sentei em suas raízes, quando olhei para meus pés reparei que a grama ali estava danificada, me levantei, e me virei para a arvore, não havia reparado que havia marcas de garras em seu tronco. Aproximei-me e passei os dedos na superfície áspera, era recente, talvez do dia anterior. Aproximei meu rosto e senti um cheiro estranho, completamente amadeirado e felino, “lobisomem”, eu tremi da cabeça aos pés quando o reconheci, afinal Anthony era um vampiro, e a convivência entre vampiros e lobisomens nunca foi pacífica.

Peguei um táxi a fim de chegar em casa o mais rápido possível, subi as escadas do meu apartamento as pressas.

- Anthony – Gritei entrando na sala de estar, ainda ofegante.

- Sim ele respondeu e veio ao meu encontro com um sorriso que se dissolveu assim que ele viu minha expressão. – Qual é o problema? – perguntou ele me puxando e me sentando no sofá, ele se sentou a meu lado, esperando por uma resposta.

- Receio que temos lobisomens na cidade, mais de um, pois eu achei marcas de garras em uma árvore. Eles brigam muito entre si.

- Sei - ele agora estava com a expressão indecifrável. – Não vou arrumar briga, se este for o motivo de sua preocupação pode ficar tranqüila.

- Você não vai arrumar briga.

- Se quiser também posso evitar sair à noite.

- Obrigada.

Depois de jantar eu olhei as roupas que ele havia comprado, ele tinha bom gosto, e censo do que as pessoas usavam o que me poupou ter de dar-lhe uma aula sobre as vestimentas humanas, eu disse que iria apresentá-lo a Rachel no dia seguinte, e ele não pareceu se importar, então ela estaria segura se ficasse no mesmo ambiente em que ele.

- Bree! - Ele me chamou quando eu estava indo pro meu quarto me deitar.

- Sim?

- Por que não me fala mais sobre você?

- Não sou uma pessoa muito interessante.

- Mas eu não sei quase nada sobre você.

- Amanhã, agora está tarde. Boa noite.

- Boa noite. – Eu me virei, e fui para o meu quarto, deitei na minha cama e me encobri até os ombros, esperando o sono vir.

Nessa noite eu tive um sonho, eu estava correndo, mas estava ficando cada vez mais difícil de correr, como se eu estivesse afundando no chão, eu continuei correndo até que não consseguia mais sair do mesmo lugar, e comecei a gritar implorando por ajuda, foi ficando escuro , como se tudo estivesse sendo engolido por sombras, até que senti mãos frias sengurando meus pulssos e puchando-me pra cima, a escuridão se dissipou, e eu acordei em meu quarto, no instante seguinte reparei que estava chorando.

- Calma está tudo bem, você está segura. – Reconhecia a voz de Anthony em meu ouvido, e reparei que estava encostada em algo marmóreo, frio e duro, seu corpo.

Ele estava abraçado comigo, ainda em minha cama, pelo visto eu havia tido um pesadelo, e deveria ter gritado enquanto dormia.

- Eu tive um pesadelo, me desculpe.

- Está tudo bem, a culpa não é sua.

Ele permaneceu abraçado a mim, até que eu me dei conta de que ele estava em meu quarto.Eu me ergui assustada.

- O que foi?

- Por que você entrou no meu quarto?

- Bree, você teve um pesadelo, e começou a gritar meu nome, a porta estava destrancada, então eu entrei e te acordei.

- Você não podia estar aqui! – Eu disse e estava chorando de novo

- Por quê? – Eu olhei ao redor, vendo as pinturas e fotos em sépia dos meus pais e de onde morávamos. Ele acompanhou meu olhar - São seus pais não são? – Eu balancei a cabeça – Está tudo bem, eu não vou te julgar. – Ele foi à sala e voltou em segundos, estava agora com seu sobretudo de couro nas mãos, ele puxou de lá algo pequeno, uma foto plastificada de uma outra fotografia. Ele me estendeu, eu peguei com cuidado, era a foto, da foto de uma menina morena, de uns dezesseis dezessete anos, muito parecida com ele, ela tinha cabelos cacheados muito curtos, e olheiras sobre os olhos.

- Sua irmã?

- Sim! O nome dela era Margaret Blanchard. Em homenagem a uma tia de minha mãe. Então como você vê, não é a única que sente saudades de sua família.

E levantei da cama enxugando as lagrimas, e o abracei, ele me abraçou de volta, ficamos assim por tempo suficiente para que eu sentisse sono de novo. Eu lhe entreguei a foto, ele a guardou, e colocou o sobretudo sobre minha escrivaninha, eu deitei cama, e ele veio pra meu lado, me abraçando, nós não dissemos nada, e eu dormi, um sono sem sonhos.

Ao acordar, estranhei, ao sentir o corpo frio de Anthony, mas me lembrei da noite passada, o sol ainda não havia nascido.

Eu levantei, e ele se levantou junto.

- Se arrume – eu disse a ele, indo em direção ao banheiro - sairemos as cinco em ponto.

Quando saí do banheiro, Anthony já estava na sala, me esperando. Verifiquei como ele estava – Ele vestia uma Blusa social preta, e uma calça da mesma cor, com um blazer também preto por cima, ao que parecia ele ficava mais confortável com a cor – Ele estava tão perfeito que me tirou o fôlego. Precisei de um minuto para me recuperar. Mas mesmo assim ele parecia uma pessoa normal, se não fosse tão bonito nem chamaríamos a atenção.

Saímos de casa – á pé – em direção ao local da entrevista, eu esperava mesmo que ele consseguisse o emprego, eu precisava evitar que ele tivesse uma “recaída” a todo o custo, e seria mais fácil se trabalhássemos no mesmo lugar. Tínhamos sua experiência de vida a nosso favor o que era uma coisa boa, mas eu não sabia como era o seu convívio com pessoas.

Não estava chovendo hoje, o que era raro em Londres, normalmente o orvalho durava até a manhã.

Chegamos ao prédio, e eu o levei até o local onde estavam os outros que seriam entrevistados, depois dirigi-me a minha mesa no ultimo andar, em frente a sala da presidência, quando estava no elevador, senti novamente o cheiro amadeirado e felino. Apertei o botão do andar mais próximo assim que as portas se abriram, e terminei o percursso de escada, eu queria saber pra que andar ele foi, pois eu precisava a todo custo evitar que se encontrasse com Anthony.

Cheguei no ultimo andar – aonde ficava minha mesa – e foi lá que eu senti o cheiro mais forte.

Quando cheguei próxima a minha mesa, eu avistei-o, um homem alto, cheio de cicatrizes e cortes recentes, tanto no rosto, quanto nas mãos e no pescoço, usava uma roupa que cobria todo o resto do corpo, era de cabelo muito curto ruivo, e pele clara.

Ele virou-se em minha direção assim que eu entrei, e eu torci para que meu cheiro não estivesse camuflado com o de Anthony.

Ele se aproximou, a cara séria, ele torceu um pouco o nariz ao se aproximar, mas seus olhos estavam quase arregalados de uma emoção que eu não reconheci de imediato.

- Você poderia me informar onde está acontecendo uma entrevista de emprego? – Perguntou, a voz grossa.

Fudeu! Foi a primeira coisa em que penssei.

- Você chegou atrasado, lamento. O candidato já foi escolhido. – Menti, não havia alternativa. A não ser que o resto da empresa quisesse presenciar uma luta épica, e eu também não sabia até que ponto chegava o autocontrole de Anthony, se alguém se cortasse... – Eu tremi com a idéia.

O suposto lobisomem ainda me olhava, os olhos estreitados, perguntei-me o que o meu tom de voz revelava, mas mantive a expressão impassível.

- Está certo - ele por fim respondeu, e me entregou um envelope amarelo. – Aí está o meu currículo, caso mudem de idéia. – Ele estava indo em direção ao elevador, eu me apressei e entrei junto com ele.

- Vou acompanha-lo caso não se importe.

- Não me importo. – Respondeu, a voz dura, ele devia achar que eu estava-o discriminando, mas não havia tempo para isso, eu tinha de me certificar que ele e Anthony não se encontrassem. Arrependi-me imenssamente do feitiço para imunidade e proteção da mente.

Eu fiquei mais relaxada quando saímos do elevador, e vi que a sala de entrevistas estava fechada. Eu acompanhei o homem até a saída, e depois retornei a minha sala.

Sentei-me em minha cadeira, e peguei o currículo, o nome dele era Justin Devan.

Eu peguei um isqueiro em uma das gavetas e fui em direção ao banheiro, não havia ninguém lá, eu rasguei o currículo e joguei-o no lixo. Ficando com a foto e o nome. Retornei a mesa, e coloquei-os no bolso do meu casaco, junto com isqueiro,E sentei-me.

Senti estalarem os dedos a minha frente, e olhei para cima. Lá estava Rachel com um enorme sorriso, me encarando.

- Oi! – Disse tentando forçar um sorriso.

- Oi. Você ainda vai me levar pra conhecer o seu hóspede?

- Ele está aqui no prédio!

- Ah é, você falou que ele iria concorrer ao cargo de editor de imagem!

- Quando a entrevista acabar eu te levo pra ver ele!

- Você é o máximo. Eu te aviso então quando acabar.

E ela saiu dali, literalmente saltitando. Eu teria que falar com Anthony sobre o lobisomem mais tarde então.

Horas depois, Rachel apareceu – leia-se se materializou – em frente a minha mesa, dizendo que já aviam acabado as entrevistas.

Nós descemos, e ficamos em frente à sala em que estava Anthony, enquanto os outros candidatos saiam, um por um.

Ele foi o ultimo a sair, e sua expressão foi de surpresa ao me ver parada ali com Rachel.

Eu peguei na mão da minha amiga humana, e fui em sua direção.

- Anthony, essa é Rachel. Acho que já lhe falei dela.

Anthony apenas balançou a cabeça.

- Oi! – Rachel disse estendendo a mão, com um sorriso enorme no rosto. Anthony apertou a mão dela. – E então como foi a entrevista?

- Eu não sei, eles não decidiram nada ainda.

E era aí que eu entrava, eu iria indicá-lo ao meu chef. Ele confiava muito em mim, e eu tinha uma ficha impecável.

- Que pena – Disse Rachel, com a cara triste – Nós saímos daqui a duas horas, então vamos todos pra casa da Lisa! – Rachel estava pulando de novo.

Anthony me olhava, em dúvida. Eu apenas sinalizei que sim com a cabeça.

- Então está certo – eu disse, entrando na conversa – Anthony, você pode ir na frente.

Ele deu um beijo na testa de Rachel, e um na minha antes de ir embora. Era o primeiro vampiro que eu conhecia – não que eu conhecesse muitos – que não se importava em ter contato físico com humanos.

No caminho para casa, Rachel não parava de falar sobre alguma coisa., até que uma de suas frases me chamou a atenção:

- Ele é tão lindo, OMG

- Como?

- Você não ta mesma interessada nele né?

A essa altura estávamos subindo as escada, eu virei-me bruscamente a ela, o que quase a fez cair.

- Não se envolva com ele Rachel. Nem tente!

- Ca-calma, se você ta interessada nele...

- Não é isso, desculpa – A minha expressão a devia ter assustado – ele apenas não é a pessoa mais politicamente correta que exista!

- Ele é algum bandido? OMG, que emocionante.

- Você é louca!

- E você é estranha serial Killer da moda! – Eu ri, pelo menos ela não inssistiu no fato de eu não querer que ela se envolvesse com Anthony, seria perigoso pra ela.

Continua...

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