Continuação do post de 01/01/2010
Levantei assim que o sol nasceu, coloquei uma blusa formal, com uma calça larga, eu realmente não gostava de chamar atenção, e também não era prudente.
Fui para o trabalho, e como sempre fui a primeira a chegar, tanto que o meu chefe me deu a cópia das chaves do prédio para que eu acendesse as luzes.
Feito isso me sentei em minha mesa, e o dia correu normal. Dei um simples “Bom dia" ao meu patrão e a todos que passavam, fiz relatórios, entreguei xícaras de café, ouvi as piadinhas a que as pessoas faziam sobre mim, e depois fui a um bar perto de onde morava. Eu tinha apenas uma amiga humana, Rachel Collins, nós falamos sobre coisas humanas normais, eu realmente gosto muito dela, quase como uma irmã. Logo após fui para casa a pé, mesmo estando chovendo. Eu poderia facilmente fazer a chuva cessar, se não fosse o meu objetivo ser “normal”.
Virei uma rua diferente, eu gostava da chuva e quis pegar um caminho mais longo, a rua que eu peguei possuía duas esquinas. Não havia nada Além da chuva naquela rua, e então eu vi um vulto branco passar por mim, e virar a esquina. Pelo pouco que eu sabia eu o reconheci “vampiro”.
Virei à esquina apenas para vê-lo parado, encostado em uma parede, com a cabeça baixa.
Lisa Bree – Ele disse meu nome. Logo após levantou a cabeça, e eu perdi o fôlego com a beleza de suas feições.
Sim! – Respondi de imediato. – Como Sabe meu nome?
- És uma bruxa?
- Sim! – Respondi novamente franzindo o cenho. A marca no meu ombro esquerdo já estava começando a brilhar.
- Você é um vampiro? – Perguntei, não queria usar meus dons.
- Sou!
- E como um vampiro sabe quem eu sou?
- Eu também tenho dons! E você é muito conhecida no nosso mundo, por ter se renegado. Poucos fazem esse tipo de coisa.
- Seu mundo! Quem é você?
- Anthony Blanchard – Respondeu se aproximando de mim, e novamente eu perdi o fôlego. Ele era extremamente perfeito. Cabelos pretos completamente desarrumados, pele extremamente pálida – como qualquer vampiro – Alto, devia medir uns dois metros e pouco. Mas o que mais me chamou atenção foram seus olhos, que ao invés de vermelhos eram dourados.
- E o que você quer comigo? – Ele sorriu de minha objetividade
- Conversar, eu também me revoltei com os “hábitos” de minha espécie! – Essa parte me pegou de surpresa, pois eu não sabia do que se tratava, tampouco sabia muito sobre vampiros.
- Tem um bar aqui perto – Comecei, mas ele me cortou.
- Não é o tipo de conversa que permita a existência de testemunhas.
- Então vamos até o meu apartamento – Anthony parecia pensativo, realmente era estranho uma bruxa convidando um vampiro para entrar em sua casa, logo ele estaria esperando alguma arma ou armadilha que o incapacitasse. Por fim ele começou a andar em minha direção. Eu me virei o conduzindo até meu apartamento.
Paramos perto da entrada do prédio, ele provavelmente estranhou o fato de eu morar no bairro periférico.
- Eu o convidaria a entrar, mas a rua está deserta, e tenho certeza de que assim é mais confortável para nós dois.
- De fato. – Disse-me, concordando.
- Então vá direto ao ponto – Já estava-mos encharcados por causa chuva – não que isso me incomodasse.
- Sou fascinado pelo seu modo de vida. Eu lhe falei que tinha dons, e com o tempo comecei a criar certa de repulssa pelo fato de beber sangue humano.
Logo após Anthony falar, passou um carro na rua, iluminando nossos rostos.
- OK então – Eu disse – vamos entrar.
- Então esse é seu lar? – Ele perguntou até entrar no meu apartamento
- Por enquanto.
- Por mais quanto tempo exatamente?
- Dois anos. Agora sente-se, e termine o que tinha pra falar.
Ele novamente sorriu passando a mão pelos cabelos encharcados e se sentou no sofá de dois lugares, eu puchei uma cadeiras, e sentei de frente a ele.
- Como eu ia dizendo, eu não quero mais matar pessoas, eu discobri um jeito de viver através de apenas sangue de animais, descobri que foi a sua afeição por seus pais que a fez escolher esse caminho. E achei que pudesse me ajudar.
- O quanto você sabe sobre minha história?
- Muito pouco. E você o quanto sabe sobre a minha espécie?
- Pelo visto um pouco menos do que você sabe sobre mim.
Ele riu, uma risada baixa.
- Gostaria de ficar com você de certo modo, de treinar a proximidade com os humanos. Talvez assim seja mais fácil resistir ao sangue deles. – Ele parecia sincero ao me falar.
- Preciso penssar, você deve concordar que é uma decisão que exige muita cautela.
- Eu sei.
- Se você perder o controle, irá me prejudicar também – Eu disse, e ele suspirou
- Eu sei.
- Se eu aceitasse sua proposta, você obedeceria as minhas regras?
Ele pareceu penssar por um momento antes de responder
- Incondicionalmente! – Ele sorriu pra mim, um sorriso lindo. Estava gostando de converssar com ele, havia muito tempo que eu não converssava com alguém que sabia o que eu era.
- Primeiro, quero que arranje logo um lugar para ficar, não acho que a convivência diária entre duas espécies tão distintas possa ser pacífica por muito tempo.
- Eu concordo.
Dessa vez havia algo por trás de seu tom, algo o qual eu não fui capaz de detectar o que era.
- Anthony, por que está concordando com tudo o que falo?
- Eu realmente quero isso. Me passar por “normal”.Sempre quis voltar a ser humano.
Essa sim me deixou um pouco chocada.
- E por quê.
- Eu fui transformado em 1882, quando tinha vinte e cinco anos. O vampiro que me transformou era médico no hospício que minha irmã frenquentava, ela era esquizofrênica. As vezes eu converssava com ela, depois que aprendi a me refrear melhor, pois sabia que ela não correria riscos se contasse a alguém. O vampiro que me criou nunca escondeu quem eu era, nem o que perdi. Então eu os vi crescer de longe, sem mim. Me deram por desaparecido. Você não faz idéia do quão agonizante é, ver os que você ama lamentando sua perda, sofrendo, e você estar bem perto, incapaz de fazer algo. Depois disso eu tomei total repulssa pelo que sou. Pelo monstro abominável e repugnante no qual me transformei.
Ele agora me olhava triste, e isso por algum motivo partiu meu coração. Percebi a semelhança entre nossas histórias, não havia como não querer ajuda-lo, e eu sabia que ele estava disposto a fazer qualquer coisa pra que eu o ajudasse, e sabia também que ele faria o mesmo por mim.
- Então vou ditar as regras. – Ele sorriu, animado – Você não pode matar nenhum humano, não pode roubar, e não me chame de “Lissa” e sim de “Liza”
- Isso não será problema, eu prefiro te chamar de Bree! – Ele disse ainda sorrindo, dessa vez eu sorri em resposta.
- Em dois dias terá uma entrevista de emprego na minha empresa, para escolher um editor de imagem. Você sabe mecher com computação e photoshop?
- Sei, preciso saber fazer algumas identidades falssas caso não saiba.
- Ótimo. Mas você terá que comprar roupas, e um carro.
- Eu tenho dinheiro guardado, já que não preciso muito dele.
- Então amanhã vamos as compras.
- OK. Mas por hora, se importaria se eu passasse a noite aqui?
- Não, tudo bem.Como você não pode dormir, pode ficar vendo televisão se quiser, ou usar o computador para treinar.Mas sob hipótese alguma vá ao meu quarto.
- Certo. Você dita as regras! – Ele sorriu - Boa noite.
- Boa noite. – Eu disse, e fui pro meu quarto. Tomei um banho e fui deitar na cama. O bom de ser bruxa é que não precisamos dormir todas as noites. Podemos adiar o sono. Mas como eu fingia ser conpletamente normal, eu me entragava ao sono todos os dias. As vezes até mais, quando ficava entediada. Eu gostava de sonhar, é como um mundo só meu. Completamente impenetrável.
Continua...
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
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